domingo, 30 de novembro de 2008

Quando Não Mais Chover

Pensei em minha centralidade em horas inoportunas
Desdenhei do que sempre desejei
E até os céus olharam pra baixo com terror
Mal acreditaram que seu filho foi capaz daquilo
Para quem vou olhar nesse longo primeiro dia da semana?
Como se fosse aquele primeiro dia na escola
Sendo a criança do outro lado do Mundo
O que quero de mim mesmo?

sábado, 22 de novembro de 2008

Suave é a Noite, Destruiram a Ponte

Quando eu andava por aquele caminho sujo
Lembrava de coisas que preferia esquecer
Um tanto desolado, assustado
Jurando ser, mais uma vez, uma noite fatídica
Calcei as botas que nunca tive
Pra causar uma sensação de realismo
A aquela situação escura e sem teto
Mas até agora não sei o que é pior
Se é machucar o pé com qualquer pedra
Ou nunca saber o que se passava ao certo
E se o Sr. Tamborine tocar uma música
Que toque pra mim também

O meu chapéu ela mandou jogar fora
Porque não me protegia mais do sol
E foi com o rosto queimado que cheguei lá
Meio ousado, sempre ousando
E hoje vou me esquecer de ontem
Pra amanha lembrar e não sofrer tanto
Quem sabe foi isso que ele quis me dizer
Pra que eu pudesse encarar com mais sinceridade
Às vezes penso em jogar tudo pra trás mesmo
Em meio ao movimento, nem que eu esteja bem lento

É verdade nem todo mundo tem palmas para ouvir
Minhas palavras nunca estão tão afinadas quanto deveriam
E se ela me dissesse que estou sempre mentindo
Eu também diria que ela esta surda
E como é possível alguém tão seguro de si assim?
Há quem goste de esconder dificuldades com repetição
Funciona quando se está em meio da afirmação
Ainda prefiro sempre uma indagação
E matei aquele sujeito como os mocinhos fazem
Nos filmes que meu pai gosta de assistir

A poeira subiu, mas como nem tudo, ela desceu
Não sei se vi mais claramente
Ou era só o meu cérebro agindo mais suavemente
O cavalo me derrubou e deu-me um coice
Mas porque eu estaria a cavalgar mesmo?
Algumas coisas se percebem melhor junto ao chão mesmo
E se eu não tivesse que tentar me levantar
Até escreveria mais

Se Servir

Foi só quando eu me matei que percebi algumas coisas
Não posso lista-las, pois não faria sentido
Não posso mostrar caminhos que cada um acaba por descobrir por si só
Cada caminho é singularmente diferente
Belo eu diria, mas vai de moldura à moldura

O enigmático rio pelo qual navego
Tem quedas e mais quedas
Mas depois de um tempo
Cair do alto não machuca tanto
O sentimento antes da queda...
Isso sim, sinto todas as vezes

Sou tão introspectivo quanto devo ser
Em cima daquela pedra me vi nadar,
Vi-me afogar e vi-me levantar
Nas corredeiras violentas que achei serem as piores
Decidi me proteger até com os dentes
Porque sei que haverão tantas outras
Não me importa saber o que vem na próxima curva...

A Necissadade de Migrar

Haverá caminho após essa encruzilhada?
A tal mistura de conhecimento e sentimento
Penso o que será de mim depois do nosso encontro
Em que minha mente ociosa deve superar
Toda estrutura construída por mim mesmo
Vai se enganar se pensar que vivo a esmo
Imagina-se que a principio voa-se baixo
Porque dizem não haver espaço lá em cima
Mas asas que batem forte, sempre, tendem ao alto
A última pena que caiu em seu rosto
Assim como gotas de chuva do nosso último outono
Serviram para me mostrar que em mim só há um lugar
Para sentir de você a sinceridade do seu juízo
E quanto ao céu que agora é sufocante
Alias, sempre me pareceu asfixiante,
Talvez não seja o melhor lugar para se migrar
O pavor que carrego no rosto é sinal
Pois ao parecer, é tão intenso quanto o seu
Os outros, no entanto, parecem não mais entender
O falar, o discursar de poucas e baixas vozes
Que clama para que as diferenças de idéias
Não mais provoquem em alguns desespero
Em outros, os levianos, entretenimento
E se ainda restar-lhes algum sentimento
Façam disso o tal do recomeço
Todos dizem não haver um preço
Olhe para trás e não diga o mesmo

See you space cowboy

Linda imagem de ver
Você beber de um copo
Enquanto a neve cai
E não posso garantir que sou quem pareço ser
Meus segredos não se condensam em uma fotografia
Meu vicio por palavras e frases pouco importam
Porque piratas urbanos roubaram a cena
E tudo que nós esperamos é não virarmos
Um amontoado de memórias
Pra que cada rosto brilhe
E destrua a miséria que é ser fingido
Com os pés molhados eu lembro das mesmas coisas
Areia no corpo e o sol olhando para baixo
Então é isso
E me convido ao meu fim de ano
Pra perceber que o começo d'um outro está chegando
Gostaria de ver-te na mesma quantidade de vezes
Que te vejo quando você esta longe
Quem sabe assim um banho de água quente
Seria bem menos importante
Lembranças que criam sorrisos
Não daqueles tristes
Pernas como cinto
Pedem...

Certamente

Pela necessidade de ter alguma glória
Para imortalizar meu nome na história
O incessante especular disso
A ironia de deixar, você, o paraíso.
Meu olhar agora mais furioso e
Temeroso com todo o pavor que existe
Por entre paredes, entre árvores.
Pelo constante medo entre ares
O maior receio é, infelizmente, saber...
Que há possibilidade de nunca mais te ver
Cada passo dado é um dia lembrado
De como foram o trocar de nossos sorrisos
Parece-me que cada segundo eu vejo alguém cair
Tantos gritos de desespero, o querer fugir.
O valor que as coisas ganham é absurdo
O descaso, em verdade, é que muda o rumo.
As gotas de sangue – agora – são como a chuva
O frio, o vento, os que restaram dormem ao relento...
E os meus dias, estarão perdidos?
Se eu morrer agora serão esquecidos?

Ulular Para Isso

Não que me seja necessário ver tudo passar
Não que me seja necessário passar também
Simplesmente acontece que entre pensamentos soltos
Eu me veja caminhando sempre, não há porque parar
Há gente que espera por motivos óbvios e fictícios
Certas palavras são mais bem entendidas quando não são ouvidas
E nunca um mês me pareceu longo como o que me aparece na esquina
Ainda me repito perguntando o que viria a ser esse sentimento
Disse-me o rei dos mares que nem tudo precisa ser exato
Que ao caminhar se percebe muito mais das entrelinhas
Os ponteiros normalmente dão razão ao que nem sempre é obvio
E quem ulula é porque sente necessidade de extravasar
Percebi a pouco que na velha pagina apagada
Há muito ainda para se ler e se aprender
Ao lado da nova, que traz consigo uma mistura de idéias
Quem traz à mim uma perspectiva, um novo pretexto
Um novo sentimento, mas haveria um porém?
Quero eu acreditar que não
Que vem apenas novos motivos para se continuar andando rindo